Uma história que li em tempos e que me ficou gravada na memória. Escrevo-a como me lembro dela.
Um homem caminhava por um prado de erva alta quando se defrontou com um tigre. O súbito pânico deram forças ao homem para correr como nunca tinha corrido na vida. Atrás dele corria o tigre num trote quase gozador como o predador brinca com a presa. O homem desesperado corria, fugia com toda a força que podia ouvindo o tigre a arfar atrás dele. Uns poucos metros à frente parou. Parou não porque lhe faltassem as forças, mas porque se viu à beira de um precipício. O tigre parou também olhando para o homem, percebendo que a presa não tinha para onde fugir. O homem desesperado media e avaliava as suas opções. Ou era mestre da sua vida e atirava-se pelo precipício, ou deixava-se comer pelo tigre. O destino era o mesmo: a morte.
Ao olhar novamente para o precipício o homem apercebeu-se de uma planta à sua beira e quando olhou percebeu que era uma trepadeira e que talvez suportasse o seu peso. O tigre, pressentindo que estava prestes a perder a presa, avançou determinado. O homem pressentindo a sua falta de tempo atirou-se a trepadeira um segundo antes do tigre o conseguir agarrar. Acima do homem rosnava o tigre, arrependido de não ter avançado antes enquanto o homem dava graças aos deuses por o terem poupado. Olhou para baixo observando que a trepadeira ía até à base do precipício e resolveu-se a começar a descer.
Em cima o tigre caminhava de um lado para o outro, olhando fixamente para o homem enquanto ele descia. Foi nesta altura que o homem viu o segundo tigre, a caminhar de um lado para o outro olhando para cima para o homem. Com um tigre acima e outro abaixo o homem aninhou-se na trepadeira em preparação para uma longa espera. Uma espera que acabaria com a desistência de um dos tigres para que pudesse escapar do outro.
Um pequeno movimento uns metros abaixo atraíram o olhar do homem que viu diversos ratos a roerem a trepadeira que suportava o seu peso. Não podendo fugir para cima nem para baixo, estava agora a ver a sua única escapatória, a espera, a desfazer-se também. Foi nesta altura que o homem viu uma pequena planta ao seu lado. Nessa pequena planta estava um morango. O mais bonito e vermelho morango que alguma vez ele tinha visto. Esticou o braço, colheu o morango e levou-o à boca. Mordeu-o e foi ali, entre dois tigres famintos, que ele teve a melhor e mais deliciosa, doce e suculenta refeição da sua vida.
Diário de bordo 6346...
Há 8 anos