Questionava-se hoje um amigo meu "Onde é que a minha comunicação está a falhar?" como resultado de ser inundado de perguntas óbvias por parte de leitores que de leitores só tinham o nome. "Dizem os livros que se a mensagem não chega, algo está mal por parte do emissor" continuava ele. Tinha enviado um mail a divulgar um evento, onde a meu ver, estava tudo explicito. Bastava ler para além das 5 frases para perceber tudo.
Uma critica que me fazem amigos é que escrevo demais. Quando combino uma jantarada, uma almoçarada ou uma borga, geralmente gosto de elaborar e inventar, metendo a informação toda necessária pelo meio... uma técnica que adoptei com estes amigos é ter o inicio (ou final) do mail com a informação toda e só depois escrevo o que me apetece. Claro que isto tira a piada toda a uma história que faça ou a um texto imaginativo que escreva, mas evita N telefonemas e muitas mais sms a perguntar o óbvio... ou evita mesmo quem não apareça ou apareça no dia seguinte pq não percebeu quando era.
Acho que o problema hoje é que as pessoas não lêem. Estão habituadas à comunicação imediata dum e-mail ou supérflua duma sms. Passar mais que 30 seg. num texto para "sacar" a informação necessária é considerado "uma seca". Isto está cada vez mais "cravado" nas mentes mais jovens. No meu grupo de amigos contam-se pelos dedos de uma mão os que gostam de ler um livro... e ainda menos os que realmente estão a ler qq coisa. É que do dizer que sim a realmente abrir um livro com o intuito de o acabar ainda vai um grande passo. Acredito sinceramente que quando estas pessoas vêm um texto com mais de 5 frases entram em pânico e são assaltadas por um desejo de procrastinação mais forte que elas.
Agora eu pergunto: será que devemos tentar adaptar a nossa comunicação a "esta gente"? Ou devemos tentar forçar "esta gente" a perceber que há vida para além das 5 frases? Chamar-se-á comunicação eficiente à escrita deficiente? Será que se perdeu o gosto pela imaginação substituindo-a pela fome por uma informação imediata? Se a resposta for positiva acho que se está a trocar a escrita por um horário de autocarros. Eu não quero apenas apanhar o autocarro, prefiro viajar.
Eu sinceramente tenha pena dos que não lêem ou não gostam de ler, perdem tanto da vida.
terça-feira, 24 de outubro de 2006
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