terça-feira, 24 de outubro de 2006

comunicaçao eficiente e a escrita deficiente

Questionava-se hoje um amigo meu "Onde é que a minha comunicação está a falhar?" como resultado de ser inundado de perguntas óbvias por parte de leitores que de leitores só tinham o nome. "Dizem os livros que se a mensagem não chega, algo está mal por parte do emissor" continuava ele. Tinha enviado um mail a divulgar um evento, onde a meu ver, estava tudo explicito. Bastava ler para além das 5 frases para perceber tudo.

Uma critica que me fazem amigos é que escrevo demais. Quando combino uma jantarada, uma almoçarada ou uma borga, geralmente gosto de elaborar e inventar, metendo a informação toda necessária pelo meio... uma técnica que adoptei com estes amigos é ter o inicio (ou final) do mail com a informação toda e só depois escrevo o que me apetece. Claro que isto tira a piada toda a uma história que faça ou a um texto imaginativo que escreva, mas evita N telefonemas e muitas mais sms a perguntar o óbvio... ou evita mesmo quem não apareça ou apareça no dia seguinte pq não percebeu quando era.

Acho que o problema hoje é que as pessoas não lêem. Estão habituadas à comunicação imediata dum e-mail ou supérflua duma sms. Passar mais que 30 seg. num texto para "sacar" a informação necessária é considerado "uma seca". Isto está cada vez mais "cravado" nas mentes mais jovens. No meu grupo de amigos contam-se pelos dedos de uma mão os que gostam de ler um livro... e ainda menos os que realmente estão a ler qq coisa. É que do dizer que sim a realmente abrir um livro com o intuito de o acabar ainda vai um grande passo. Acredito sinceramente que quando estas pessoas vêm um texto com mais de 5 frases entram em pânico e são assaltadas por um desejo de procrastinação mais forte que elas.

Agora eu pergunto: será que devemos tentar adaptar a nossa comunicação a "esta gente"? Ou devemos tentar forçar "esta gente" a perceber que há vida para além das 5 frases? Chamar-se-á comunicação eficiente à escrita deficiente? Será que se perdeu o gosto pela imaginação substituindo-a pela fome por uma informação imediata? Se a resposta for positiva acho que se está a trocar a escrita por um horário de autocarros. Eu não quero apenas apanhar o autocarro, prefiro viajar.

Eu sinceramente tenha pena dos que não lêem ou não gostam de ler, perdem tanto da vida.

1 comentário:

Alda Serras disse...

Adorei este post. Eu sou daquelas que lêem mesmo! Infelizmente há muito quem não o faça. Chamo-lhes a geração pronto-a-comer, encontraram tudo pronto, tudo mastigado, é só consumir.

De quem é a culpa? Da sociedade actual, da televisão, do MSN, dos SMS, dos pais, da rapidez da comunicação,...
Poderemos inverter isso? Podemos começar pelos nossos, pelos nossos filhos, pelos nossos amigos, pelos amigos dos nossos filhos, por nós próprios,...